terça-feira, 21 de agosto de 2018

O Vencedor - Capítulo 20

O Vencedor 

Capítulo 20 

<<< Por favor, deixem comentários.
Vocês não fazem ideia do quanto que alegram a minha vida aqui.>>>

Mal me tinha gozado, Pablo se levantou, vestindo a bermuda e se mandando porque tinha que ir trabalhar. Vesti minha roupa e me deixei estirado na cama, relaxando e lembrando dele pelo pouco tempo que seu efeito durou e logo eu estava entregue, outra vez, à profundura do abismo que era querer Maurício.  

Consigo compreender que, todo senhor e dono que era, não havia de querer me ver lhe desobedecendo, mas o que tinha de tão errado? Eu estava simplesmente terminando com o outro. Terminando o que ele bem sabia que não significava nada pra mim.  

Sim, eu sei que ter admitido isso assim tão claramente era de uma frieza enorme, coisa de Maurício, mas eu estava falando só comigo mesmo e não havia necessidade, e eu nem tinha energia para tanto, de me enganar mais. Fernando significou muito pouco. Tão pouco quanto Pablo estava significando agora. Maurício. Maurício significava e só ele.  

Os outros serviam bem a aquietar-me o espírito nos vazios dele, mas a calmaria era breve, frágil, se desfazia. Como asas de borboleta.  

Não, não adiantava. Eu sabia. Nada que eu fizesse, o quanto me revirasse naquele colchonete, o quanto me descabelasse... Nada ia fazer com que Maurício me respondesse. Isso só ia acontecer quando ele assim desejasse.  

E como podia ser que não desejava? Depois de Búzios? Depois das juras de amor e dos beijos? Não estava ele também sofrendo? Não estaria agoniando e se xingando por ser tão orgulhoso e nojento? Será que também ele socava o travesseiro imaginando ser o próprio rosto? Porque se houvesse algum sofrimento nele, o único causador deste sofrimento era ele mesmo. 

Outra vez, remoer e xingar e revirar também não fizeram com que ele falasse comigo, mas tinha quem quisesse falar.  

“Tia Dalva.” Eu não reconhecia a voz, mas parecia ser de uma criança.  

“Oi.” Eu, abrindo a porta da sala.  

“Oi. Tia Dalva tá aí?” Era Natã.  

Ele estava com o uniforme da escola e de chinelos. Parecia que tinha acabado de chegar.  

“Tá não, Natã. Foi trabalhar.”  

“E Lívia?”  

“Lívia e Lilian tão na escola ainda.”  

“Ah, tá.” Ele disse meio reticente, meio envergonhado, se demorando. “Tá bom.” E ia se virando lentamentequando eu reconheci nele um Abel ainda criança como que zanzando pela casa pra ver se era convidado a se juntar à família de patrões.  

“Ei, eu vou colocar um filme pra ver. Quer ver comigo?”  

“Qual filme?” Perguntou querendo manter sua dignidade.  

“O Diário da Princesa.” Pensei rápido. Se eu estivesse certo, aquele menino ia amar o filme. 

“Já viu?”  

“Não. É de quê?”  

“Ah, vou colocar e você vê? Valeu?”  

“Tá bom.”  

Não deu outra. Os olhinhos de Natã brilhavam a cada cena e quando Mia apareceu transformada, ele pulou e bateu palmas, incontido.  

A essa altura Lívia já tinha voltado pra casa e me olhou cheia de confidências.  

“Isso é pro pai pagar a língua.” Ela disse de modo que só eu podia ouvir.  

“Tem o 2, Natã. Sabia?” Eu disse empolgado.  

“Jura?! Quero ver. Bota!”  

Ai, bota. Quero ver de novo.” Lívia também tomada de empolgação. 

Assim, passamos o começo da tarde, assistindo a Mia Thermopolis e comendo as sobras do banquete de boas vindas 

Estávamos na cena do discurso entre o casamento que não aconteceu e o que aconteceu, quando minha mãe chegou e já tão careca de me ver assistindo, entrou ela mesma dizendo:  

“Eu endosso.” O semblante muito mais leve do que o que tinha quando a deixei por último.  
Lívia se levantou pra tomar a benção da madrinha dela e eu pra abraçar minha mãe. Ela logo sentou e contou como estava minha avó, que tinha acordado e estava bastante lúcida até.  

“Cadê, Lívia?” Perguntou minha mãe.  

“Ah, vai saber, dinda. Saiu da escola junto comigo e não me deu nem tchau.” 

Como o filme terminou e ainda queríamos nos sentir da realeza, seguimos com “Um príncipe em minha vida.” Natã, claro, maravilhado com tudo aquilo.  

Mas o pai dele chegou e o chamou firme e minha mãe se adiantou ao menino e ficaram lá se cumprimentando enquanto Natã passava pra casa.  

Foi Jorginho mesmo que levou, em seu carro, Lívia, minha mãe, ele mesmo e eu pra ir ver minha avó no horário da visita. Eu cuidei em ficar bem quieto durante o trajeto.  

Minha avó estava surpreendentemente bem. Estava risonha e até falante, na medida do possível.  

“Como tá bonito.” Me disse quando parei ao lado dela na cama e acariciou meu rosto com suas mãozinhas enrugadas.  

Eu me curvei pra abraça-la, com cuidado. Era tão frágil, tão gostosinha, minha avó. E eu me lembrei de como era bom ter família. Tinha me esquecido, enfiado em uma família que não me pertencia. Valorizando um carinho que não me vinha quando tinha tanto carinho pra receber de pessoas pra quem eu tinha importância. E daí, comecei a chorar. Por um monte de coisas.  

“Fica bem, tá, vó.” Eu disse como se ela pudesse decidir isso por se mesma.  

Lívia parou do meu lado e passou o braço pelas minhas costas, me abraçando. E me deixei chorar mais. 

Não só pela minha avó, como todos deviam estar pensando. Por ela, pelo que ela significava e porque eu tinha uma família. Ali, eu não era o agregado, o intruso. Aqueles eram os meus.  E por mais que todos eles contrastassem com o hospital chic em que estávamos, não fazia diferença: eu estava em casa.  

Tia Dalva também chegou pra visita. E tio Jorge e tio Osmar e outros primos que eu ainda não tinha visto daquela vez. foram tantos abraços e risos e casos recontados que eu só me lembro de me sentir grato de poder estar ali.  

Até Lilian apareceu. Levemente bêbada, mas Lívia e eu a puxamos pra fora e demos café a ela em tempo de evitar que mais alguém percebesse. E até isso me deixou feliz.  

Mas como sempre, até aquela felicidade estava condenada.  

“Meu filho, quando é que você tem que ir fazer a matrícula na faculdade?”  

“Mãe!” Arregalei meus olhos. “Até essa sexta.”  

“Meu filho, você tem que ir embora.”  

“Tenho.”  

Eu tinha me esquecido. Que grande surpresa! Eu estava tão acostumado a me esquecer de mim mesmo. Queria que a vida fosse só Maurício, esperar que ele, todo sol, decidisse nascer nas minhas terras. Mas se eu não desse um norte à minha vida, isso, esperar Maurício e ser sempre o capacho dele, era tudo o que eu ia ter e essa ideia, por mais maravilhosa que pudesse parecer, me causava arrepios de medo.  

“Mas dá pra ir amanhã de tarde. Daí, na sexta vou me inscrever.”  

“Não é melhor ir logo hoje?”  

“Já quer ir hoje?”  

“Eu não vou já, Abel. Quero ficar aqui com mamãe mais um pouco. Já conversei isso com a Sônia.”  

“E quem vai cuidar de tudo lá?”  

“Ela vai colocar alguém temporário. Você pode ajudar ela com isso, mostrar tudo pra quem for ficar.”  

“Tá, mas dá pra eu ir amanhã. Não precisa de correria.”  

“Como é que vai fazer com a passagem?”  

“Não tem data marcada. Vou ligar pra lá pra ver.”  

“Liga logo hoje.”  

“Tá, vou ligar quando sair daqui.”  

Na volta, vim no carro de Pablo, atrás com as gêmeas. Tia Dalva vinha no carona. Minha mãe ia passar essa outra noite com minha avó.  

“Pablo, você pode me levar no aeroporto amanhã?”
  
“Ué, já vai?”  

“Eu tenho até sexta pra fazer a matrícula na faculdade. Se não for eu perco a vaga.”  

“Poxa, nada a ver. Eu queria te levar pra noite.” Disse Lilian decepcionada.  

“Noite?!” Tia Dalva se virou pra trás. “Que história é essa de noite, Lilian?”  

“Ih, mãe. Se liga não.”  

“Como é que é, Lilian? Como é que é?” E se fez um tenebroso silêncio no carro. “Quando chegar em casa a gente vai ter uma conversinha. 

As três entraram rápido e eu me vi me demorando, como Natã, só que na expectativa de me esfregar com Pablo. 

“Que horas você vai?” Ele perguntou com a mão na minha cintura, me colocando contra o muro da rua.  

“Eu ainda não sei. Tenho que ligar pra companhia. Vou fazer isso agora.”  

“Tenta o mais tarde que conseguir. Daí a agente saí mais cedo e dá uma volta.” Me deu uma fungada no pescoço e me soltou.  

De verdade, só consegui lugar num voo às 22:30; a vantagem era que ia direto para o Galeão. A outra vantagem era que dava tempo o suficiente pra dar a volta que Pablo queria que déssemos.  

Natã se mostrou desapontado com minha partida repentina. Enquanto jantávamos na casa de tio Jorge, avô dele, ficou me inquerindo sobre minha vida, porque eu usava roupas de menina (não eram tão de menina assim, vai) e tinha cabelo grande. Disse que tinha adorado os filmes e queria saber mais filmes assim pra ver. Prometi que faria uma lista de filmes pra ele ver no Netflix. Isso pareceu deixa-lo um pouco mais feliz.  

Na hora do almoço, fui de táxi buscar minha mãe no hospital pra passear com ela. Nunca tínhamos feito isso, só nós dois, passear pela terra dela. Almoçamos e ela queria ir ao Parque do Bacanga porque fazia tempo não sentia os ares de lá.  

Ficamos pelo parque andando mais do que falando, comemos algodão doce e minha mãe estava leve e sorridente. Muito mais tranquila do que estivera no avião.  

“Sabe que pássaro é esse cantando?”  

“Não.” Eu só conhecia bem-te-vis e buzinas e motores. 

“É o pica-pau amarelo.”  

“Do Sítio?” Eu ri.  

“Ele mesmo.” Ela fez um muxoxo. “Foi exatamente assim que eu conheci o seu pai.”  

“Assistindo o Sítio?”  

“Não. Aqui nesse parque. Eu vinha muito aqui. Quase todo dia. Eu tava sentada num tronco mais ali em baixo. Ele chegou e me perguntou se eu sabia que pássaro estava cantando. Antes, eu tivesse respondido que era um demônio quem cantava.”  

“Ué, mãe? Meu pai não era um jardineiro na casa de Sônia?”  

“Não. Isso é mentira, meu filho.” Ela me olhou sincera e culpada. “Conheci seu pai aqui e fui morar com ele em menos de uma semana. O safado me convenceu a ir pro Rio e eu fui. Tinha acabado de descobrir que estava grávida de você. Contei pra ele no ônibus indo pra lá.” Ela abafou uma risada. “Quando a gente chegou na rodoviária, ele disse pra esperar que ia no banheiro. Nunca mais vi o desgraçado. Me largou com um bebê nos braços e...”  

“Nos braços? Eu tava na barriga ainda.”  

“Modo dizer. Me largou com um filho nos peitos e desapareceu. Filho da puta.”  

“Porque a senhora mentiu?”  

“Não sei. Pra você não se sentir mal, abandonado...”  

“Nas duas versões fui abandonado. Não entendo.”  

“Burrice minha. Não pensei direito. Devia ter dito que tinha morrido, a peste.” Mas sacudiu a cabeça espantando os fantasmas. “Precisamos voltar pra você se despedir da sua avó.”  

Uhum.” Eu disse.  

De nada me importava. Em nada mexia comigo qualquer alteração no tocante a história do meu pai. No fim das contas, qualquer que tivesse sido a história, o indivíduo não passou de um canalha covarde que fugiu e perdeu. Sim, quem tinha perdido nessa história toda foi ele. Deve ser muito legal ser meu pai.  

Natã, veio logo me interrogando:  

“Cadê minha lista?”  

“Vou fazer agora.” O pai dele nos observava do canto no quarto da minha avó.  

Outra vez, tinha um monte de gente, mas os abraços dessa vez foram de despedida. Eu tinha deixado minha mala no quarto quando tinha ido buscar minha mãe mais cedo e ia pro aeroporto direto de lá. Bem, na verdade, ia pro aeroporto direto de onde quer que Pablo me levasse pra nos despedirmos.  

Sentei num canto, cuidando da lista de filmes que Natã veria. Coloquei tudo o que me lembrava. Tudo o que era filme de garota. De Meninas Malvadas a De Repente 30, não deixei nada de fora. 

Lívia quis me acompanhar até o embarque, mas Pablo logo vetou dizendo que ia ver umas coisas depois que me deixasse.  

“Fica tranquila. Pablo espera eu embarcar, né?”  

“Espero. Pode deixar.”  

“Manda um beijo pra Lilian. Ela não sossega em casa. Nem deu pra gente fofocar muito.”
  
“Tá bom.”  

Me despedi às lagrimas aqui e ali. Minha avó já estava sentando na cama e a abracei com mais força dessa vez. Algo me dizia que era a última vez em que faria isso. Ela me beijou e desejou que Deus me abençoasse. Só não estou muito certo de que Ele tenha querido atender ao pedido dela. Natã me deu um abraço apertado cheio de lágrimas nos olhos.  

“Você é muito legal.” Ele disse secando o rosto.  

“Você também é dez! Tem que ir lá no Rio nas férias, hein.”  

“Acho que Abel ganhou um fã.” Disse Tia Dalva rindo. Jorginho por sua vez parecia não ver nenhuma graça naquilo. Pra ele, só estendi minha mão pra um aperto e disse tchau.  

“Meu filho, vai com Deus. Ajuda Sônia lá.”  

“Mãe, se precisar de mim, me liga que eu venho, viu? Quando for.”  

“Eu ligo. Pode deixar.”  

Nos abraçamos apertado. Parecia que eu deixava um pedaço de mim ali com ela.  

Pablo, todo cavalheiresco, carregou minha mala pelo hospital até o carro no estacionamento e lá mesmo já me puxou possuído, e possuidor, pra um beijo intenso que me deixou ardendo.  

Fomos pra um motel fuleiro que cheirava mal. Ninguém pediu documento nenhum, e, menor de idade, entrei sem maiores problemas.  

“Hoje eu te machuco, mas pode ficar sossegado que até eu te pegar de novo já vai ter sarado.”  

Eu o sentei na cama e comecei a tirar sua roupa, pensei em massagear seus pés e, talvez, lambê-los, mas não cheguei a sentir desejo de fazer isso. Acho que esse lance tinha a ver apenas com Maurício, sei lá.  

Mas o chupei. Engoli seu pau até onde pude, bem treinado que eu era. Pablo gemia e meio que chorava, fazendo voz de quem falava com um bebezinho. Lambia-o na virilha e no saco e ele dizia que eu sabia como tratar um homem, sabia como ser a florzinha de um homem.  
Daí, dei pra ele de novo. Sem emoção, sem nada muito memorável. A mesma conversa dele de quando me comeu na manhã do dia anterior, repetido, e pude ver que era mecânico, não natural. Uma jogada ensaiada.  

Sentei, rebolei, fiquei de quatro, em pé, de quatro de novo e ele gozou. Eu não.  

O término foi meio constrangido, quieto demais. Ele me deixou no aeroporto faltando ainda três horas pro voo e não me esperou embarcar. Me abraçou também de maneira mecânica e se foi. 

Melhor, eu não queria tê-lo perto mais também. Não queria aquela sensação de ficar fazendo sala.  

“Visto por último Terça-feira às 15:43.”  

Fiz meu check in e resolvi comer alguma coisa. Um homem bonito sentou a uma mesa ao meu lado e não parava de me olhar. Ele era barbudo e sério. Aparentava uns quarenta anos e me olhava como se me quisesse ter para o jantar. Se levantou e ficou apertando o volume comprimido no jeans, insinuante.  

Ao perceber meus olhos vidrados no desespero do seu pau trancafiado, fez sinal com a cabeça indicando o banheiro. Para onde o segui.  

Sem dizer palavra, nos trancamos numa cabine reservada e eu me sentei no vaso com a tampa fechada. Só precisei abrir minha boca e mantê-la assim. O homem enfiou-me o pau e segurou minha cabeça com força, fodendo, fodendo até que senti as golfadas de sua porra se embolando na minha goela. Ainda sem palavra, ele se foi, como Pablo.  

Parei à pia pra me recompor. Umas duas pias além da minha, havia um homem negro, magricela, lavando as mãos. Como nos tinha visto saindo, entrou na mesma cabine e não fechou a porta, desnudou a piroca mais linda que já vi na vida, veiúda, alongada e de pentelheira crespa, selvagem. Coisa de sujeito homem que não conhecia Gillette. Ele sorriu aos meus olhos de surpresa e desejo 

De novo, me sentei e abri a boca.  


Continua...  


8 comentários:

  1. Sei que n da minha conta mas,por favor vc vai nos contar como acabou sendo preso??......tou amando sua historia
    Vai demorar muito o final??...to desesperado

    E essa história é real?? E sobre sua vida???
    Aaaaaaaaaaaaah

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Sim, é minha história.
      Sim, vou contar como vim parar na cadeia.
      E é tudo da sua conta, sim. Uma vez que eu decidi me abrir aqui, é tudo da conta de todo mundo que vem.
      E não. Não falta muito pra terminar o tanto que eu quero contar.
      Estamos perto.

      Eliminar
  2. Você é o melhor escritor que eu já li <3

    ResponderEliminar
  3. Oiê Abel
    Sinto de vdd q vc mudou
    Aconteceu alguma coisa?

    ResponderEliminar
  4. Haha você é como eu, mesmo apaixonado por outro eu consigo sentar em outro. Hahaha só que eu vário muito entre passivo e ativo.
    Detalhe qual seu signo ?

    ResponderEliminar